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Nilo Peçanha, presidente negro do Brasil


Sim. Do Brasil. Nilo Peçanha, era filho de Sebastião de Sousa Peçanha, negro, padeiro, e de Joaquina Anália de Sá Freire, branca de olhos azuis, descendente de uma família importante na política norte fluminense. Teve quatro irmãos e duas irmãs. Construiu uma sólida carreira política, ascendendo, em um intervalo de poucos anos de senador a presidente do estado do Rio de Janeiro – nome da época para o cargo de governador – e a presidente do Brasil. Freqüentemente ridicularizado na imprensa em charges e anedotas que se referiam à cor da sua pele. Durante sua juventude, a elite social de Campos dos Goytacazes - RJ chamava-o de "o mestiço do Morro do Coco". Sítio onde passou toda sua infância.

Nilo Peçanha não foi eleito diretamente. Assumiu a presidência com a morte de Afonso Pena, de quem era vice. Exerceu o cargo de 14 de junho de 1909 a 15 de novembro de 1910. Sempre bom destacar que nesse mesmo período o processo de branqueamento da nação era amplamente apoiado pelo governo nacional. Na gestão de Peçanha, suas fotos foram retocadas para não transparecerem os traços marcadamente negros. Será que no Brasil daquela época já tínhamos um presidente decorativo? Que não apitava em nada acerca do projeto eugenista? Do branqueamento? Ele assinava embaixo? Escondia suas raízes? Questões que deixamos registradas por aqui.

Após a instauração do golpe republicano em 15 de novembro de 1889, Nilo intensificou sua atividade político-partidária e foi eleito deputado, participando da Assembléia Constituinte responsável pela primeira Constituição republicana de 1891. Foi eleito em sucessivos pleitos e em 1903 foi eleito para deputado federal, quando assumiu uma cadeira no Senado. Em 1903, renunciou à sua vaga na Câmara Alta para assumir a Presidência do Estado do Rio de Janeiro, que exerceu até 1906. Neste ano, foi eleito Vice-Presidente de Afonso Pena. Em 1909, devido à morte de Afonso, Nilo Peçanha tornou-se Presidente da República aos 42 anos. Em seu governo recriou o Ministério da Agricultura, órgão que aglutinou os grupos regionais dissidentes. Introduziu importantes alterações no funcionamento do Estado, o que representou uma obra de grande alcance. Criou Lei permitindo, pela primeira vez, o trabalho feminino nas repartições públicas. Criou o Imposto Territorial, criou o Ensino Técnico-profissional (com as Escolas de Aprendizes de Artífices), o Serviço de Inspeção Agrícola, a Diretoria da Indústria Animal, a Diretoria de Meteorologia e o Serviço de Proteção ao Índio. Sem dúvida, é muita coisa. Porém, sobre as políticas de branqueamento o que teria feito o então presidente? Nilo Peçanha faleceu em 1924, no Rio de Janeiro, afastado da vida política e foi sepultado no Cemitério de São João Batista.




At last - Etta James
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