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NINA RODRIGUES e seus estudos racistas


Diversos eram os autores que acreditavam na urgência de iniciar o processo de "branqueamento" da população. Um dos maiores expoentes foi Raimundo Nina Rodrigues nascido em 1862 no Maranhão. Foi médico legista, psiquiatra, antropólogo, professor e... racista.

O primeiro livro de Nina Rodrigues tratava da posição das raças diante do código penal. O estudo sustentava a tese de que as raças inferiores – negros, índios e mestiços – não poderiam ter o mesmo tratamento no código, pois essas raças teriam a mentalidade de crianças e, portanto, não poderiam ser responsabilizadas pelos seus atos, ou pelo menos, não da mesma forma como pessoas descendentes de uma raça superior.

No entanto, Nina Rodrigues acreditava que as raças inferiores poderiam ser reeducadas e assim sendo, alcançariam os mesmos níveis de superioridade que era inerente aos brancos. Vemos novamente outra teoria levantada pelo autor que contraria as premissas da época, onde se acreditava que mesmo após séculos de convivência, as raças inferiores não chegariam a atingir os níveis de desenvolvimento dos brancos. No livro sobre os africanos no Brasil, Nina Rodrigues levanta uma teoria que foi seguida por muitos autores daquele período. Acreditava-se que existia um “problema negro” no país e de acordo com o autor, esse problema era um dos fatores de nossa inferioridade como povo. Sendo assim, conclui que entregando o país aos mestiços, acabará privando-o, por largo prazo, pelo menos, da direção suprema da Raça Branca. (NINA RODRIGUES, p. 17, 1932)

Convergente às discussões sobre imigração estavam as propostas de higienização e controle social. Com o crescimento acentuado da cidade do Rio de Janeiro e o surto epidêmico de febre amarela, que solapou a cidade no início do século XX, as propostas de higiene e prevenção de doenças tornaram-se assuntos persistentes nos meios científicos.

Se, por um lado, a nação tinha que possuir saúde, por outro precisava ter sobre si um maior controle. Dessa maneira, os projetos de um maior controle sobre a sociedade tinham como base a proposta de maior eficácia das leis penais, que dessem sentido as normas impostas pela sociedade e ao mesmo tempo disciplinar índios, mestiços e negros. Esses formavam a grande massa popular que, aos olhos de alguns intelectuais racistas do início do século XX, caracterizavam a "barbárie brasileira". Assim a política de saúde, seja lá o que isso tenha significado na época, era a política de saneamento da cidade, para protegê-la da invasão dos bárbaros. E os intrusos deveriam ser segregados, já que eram indispensáveis para o trabalho manual incompatível com o parasitismo das classes ociosas.

O que tornou as idéias de Nina Rodrigues tão bem aceitas no meio acadêmico foram o seu interesse real pela pesquisa e saber que integrava uma sociedade racista empenhada em acabar com a "mancha da escravidão" e ele realmente encontrou muitos parceiros.

A medicina como vemos, toma dois sentidos: o de curar e controlar a sociedade.



At last - Etta James
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